Olho o mar, tão lindo, longínquo, profundo e mesmo que eu esteja molhando meus pés nele ainda parece tão distante... Sinto o mar, que molha meus pés e a brisa que envolve meu corpo...
O mar que escondeu tantos mistérios ao longo dos anos, sendo tão forte e infindável, encontra-se diante de mim, abrindo um leque inimaginável de possibilidades, ele me chama. Eu vou. O desconhecido me espera, não tenho medo, não me assusto, estou encantada demais, perdida demais em meio as minhas próprias ilusões pra me preocupar...
Estou envolta dos meus desejos e sonhos, planos e desavenças, tudo misturado, como a paixão e a dor...
Quando me sinto totalmente perdida, já sem noção, do ontem ou do amanhã, quando as palavras se confundem, se embaralham, se contradizem até mesmo dentro da minha cabeça, paro para tomar fôlego e olho pro céu.
Durante o dia esse céu tão azul e infinito quanto o mar profundo, e o sol que brilhando aquece os sonhos perdidos e as esperanças despedaçadas, ele segue sua rota, dia após dia...

O céu noturno é um espetáculo à parte, as estrelas brilham renovadas de esperanças e a lua minguante, nova, crescente ou cheia... Todas as fases diferentes e fascinantes, cada uma a seu modo, outros mistérios, mas dessa vez no céu...
Mas eu ainda estou aqui, presa num mar de segundos naufragados, olhando para o deserto aquático que me separa de tudo e de todos, solidão, saudade, vazio... Ao longe, tudo está tão longe que não sei como chegar, observo os mistérios do mar, descubro seus caprichos, vejo seus truques, me cerco cada vez mais de mar e mar e mar...
A maré leva meu corpo, eu deixo ela levar, minha única companheira de viagem, divido meus sentimentos, pensamentos e devaneios com ela, seguimos o curso, não sei qual, mas sempre seguimos. Já não há caminho de volta, nem como voltar, passou o momento como outrora passou-se o ponto, mas dessa vez assumo a culpa, me deixei levar.
Eis que agora chega a tempestade, assolado pelo mau tempo, o mar se torna agitado e bravio, assustando-me, pela primeira vez me incomoda estar sozinha, pela primeira vez tenho medo. Mas não tenho para onde fugir e nem mesmo como, sem escolha sou jogada de um lado para o outro em um turbilhão...
"Depois da tempestade vem a calmaria" e nessa calmaria eu repouso, mas sei que a qualquer momento outra tempestade pode chegar e mesmo que eu me prepare ela sempre conseguirá me desestruturar...
Nesse mar, um oceano de possibilidades me invade, trás novidades e novas descobertas, trás um mundo novo, fantástico, inebriante mundo. Por isso me perco, fico à deriva e aprecio a viagem que se segue, me deixo levar sim, afinal a vida não é uma aventura?

"Se estou perdida num desatino, se estou sem rumo num devaneio, se estou distraída numa imensa perdição, sem rumo, sem destino, sem futuro. Mas o futuro onde está? Será aquele ponto brilhante no céu ou seu reflexo no mar?" (Anônimo)


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