Havia a imagem de uma menina no quadro, mas não era isso que eu via.
Entre borrões e riscos, rabiscos e cores eu não via forma alguma, ou talvez fingisse não ver. Queria não ver a menina em pedaços, pra todos os lados, como retalhos jogados ao léu. Triste? Talvez...
A tristeza era refletida nos olhos luminosos da garota, transmitiam tanta luz, alegria e até mesmo paz, mas por trás desse brilho, pode-se ver a tristeza velada e contínua, intermitente vertendo dos olhos da menina, basta ser, um observador para notar e você poderá ver as notas dissonantes que bailam entorno de quase tudo que vemos, ouvimos e falamos.
Pena não saber mais onde começa menina e acaba retalho, outrora dois, hoje são partes de um todo, tal qual a colcha de retalhos, agora eis a menina. Quem dera a menina fosse tão bela quanto a colcha, mas já não é, bem poderia dizer que não são retalhos e sim farrapos que compõem a menina.
Pobre menina, triste menina, bela menina.
A beleza da menina já não é a ingenuidade, nem a doçura, também já não havia espaço para sentimentos tão infantes na menina-moça. E de repente restou apenas o vazio, sem cores e rabiscos, sem riscos e borrões, sem menina, sem pedaços, sem retalhos ou farrapos...


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